domingo, 4 de dezembro de 2011

Mais uma vez É NATAL!

Mais um Natal está chegando, mais um ano se foi e sempre aquela impressão de que “foi ontem” que estávamos cuidando de enfeitar a casa, de armar a arvore, e com cada pessoa que se conversa, sempre a mesma perplexidade de que chegou tão rápido outra vez!

Entretanto, é claro que o tempo é sempre aquele, nós é que somos a cada ano mais apressados, mais estressados e não temos tempo de viver com serenidade os dias que passam, de cultivar as nossas amizades, de “aplainar as veredas e endireitar os caminhos” como nos diz o profeta Isaias.

A cada final de ano até que tentamos fazer um retrospecto da nossa vida e analisar o que aconteceu que não deu certo, por que não deu certo e nos propomos de colocar o trem nos trilhos outra vez, mas basta colocarmos diante de nós as nossas promessas do ano passado para descobrirmos que nada mudou, que continuamos os mesmos, que continuamos arrastando as nossas falhas e defeitos como um cometa arrastando a sua longa cauda, só que a que arrastamos não é luminosa, aliás, é bastante escura e isso acrescenta mais um item à nossa já longa lista de frustrações.

O que será que nos falta? Por que deixamos que a vida nos encaminhe por um rumo que, muitas vezes não nos traz a tão sonhada felicidade? E o que é felicidade? Penso que muitas vezes nos desesperamos ao procurá-la e ficamos tão focados em encontrar uma coisa enorme, que não temos tempo de descobri-la nas pequenas coisas do nosso dia a dia, de perceber que muitas vezes ao invés de vir aos borbotões, ela nos vem em gotas.



O sofrimento, as frustrações, as dificuldades existem e são inerentes ao ser humano, eles são a herança da nossa humanidade decaída, é a profética frase do Senhor quando expulsou nossos primeiros pais do paraíso: “ganharás o pão com o suor do teu rosto".                                                                           

Quando iremos descobrir que necessitamos desesperadamente de um contato amoroso, confiante com o nosso Deus que está à nossa espera? Sem invadir a nossa intimidade, sem tolher a nossa liberdade, somente silenciosamente espera que nos acheguemos a Ele, que o procuremos com confiança. Ele que é o Senhor de tudo, do bem e do mal, da vida e da morte, que é o nosso Pai, do qual viemos e para onde retornaremos. Ele que neste periodo quer nos lembrar através de um bebê (que é ele próprio) de que tudo pode recomeçar, que se não sabemos como falar-lhe, podemos balbuciar justo como uma criança e Ele vai entender as nossas dores, as nossas aflições e sofrimentos, as nossas fraquezas e aflições e para tudo encontraremos forças se nos colocarmos confiantemente nos seus braços e nos deixarmos consolar neste abraço que é puro amor.

Que todos tenham um Natal verdadeiramente feliz, que as luzes que vemos não sejam somente a dos enfeites perecíveis mas que seja uma luz interior que nos cure, salve e liberte!

domingo, 13 de novembro de 2011

FESTA DE ANIVERSARIO

Alguém duvida desse amor?
Será que tem coisa mais antiga que festa de aniversario? E será que tem coisa melhor?

Sentir o carinho da família e dos amigos, rir, jogar conversa fora, passar em todas as mesas cumprimentando e sendo cumprimentada, ficar com medo de a comida ser pouca e depois só faltar endoidar para acomodar na geladeira o monte que sobrou , abrir os presentes, e depois os comentários: quem veio, quem não veio, quem estava mais gorda, quem parecia mais velha, quem estava bem com aquela roupa... enfim, assunto para muitos dias.

Pois assim foi o meu aniversario este ano.

Desde o começo do ano eu dizia que não faria nenhuma comemoração.

Eu estava meio apavorada com o numero dos meus anos!
Essa é a tal da surpresa. Obrigada, querida, que Deus te pague por essa alegria.
Nos dias de hoje acontece uma coisa estranha: a juventude é tão supervalorizada, tão cultuada, as pessoas buscam desesperadamente tantos meios para parecerem mais jovens que a gente termina por incorporar a ideia de que envelhecer é uma coisa vergonhosa; assim sendo, comemorar o aniversario significa admitir que você está uma ano mais velha! E então quando é aquele ano crucial em que você muda de década, aí é o fim. O meu caso se encaixa justamente aqui. Deixar que todos saibam que eu tenho 70 anos? ( Como se as pessoas não soubessem fazer as contas)!...

No entanto, muitas discussões com as cunhadas que não admitiam deixar passar em branco essa data e a palavra final da minha filha terminaram por me convencer que afinal não é tão “ vergonhoso ” assim envelhecer e dia após dia, pensando, orando, meditando fui me convencendo de como seria bom reunir familiares, rever parentes e amigos que a gente demora a encontrar.


                                          
Meus filhos queridos. Falta o outro que está distante, mas falta só na foto, porque está no coração.
 Uma das coisas que pensei foi que é um contrassenso a gente querer viver muito e não querer envelhecer. Impossível não? E fiz um retrocesso da minha vida. Só encontrei bençãos, graças, alegrias, pessoas que me amam e a quem eu amo, sem que isso signifique que não tem havido também preocupações, tristezas, aflições, falhas, erros; seria irreal pois vivemos no mundo e nossa vida aqui é sujeita a essas coisas, mas se a gente computar com atenção os momentos bons eles são muito mais numerosos que os ruins.

Três gerações
Para isso é necessário ter consciência da presença de Deus em nós, constantemente, diariamente, vigilante, fazendo-nos “curtir” as coisas alegres e nos enchendo de força para viver as difíceis. Ele é um amigo querido, um pai carinhoso, cheio de atenções, e nos faz lembrar de que tudo o que de bom e belo conhecemos, nada se compara ao que Ele tem para nós. São Paulo diz em uma das suas epístolas que “olho humano nunca viu e ouvido humano não ouviu o que Deus tem reservado para os que o amam”.

O que dizer então? A minha festa foi linda, alegre, cheia do amor que eu sentia em cada pessoa que ali estava e fui presenteada com a presença do meu filho e da sua família que há tantos anos não passavam esta data conosco. Meu marido, filhos, netos, irmãos, cunhadas, sobrinhos, primos, amigos de tantos anos , amigos mais recentes, mas todos igualmente queridos que vieram me abraçar e festejar comigo. Infelizmente faltava ainda um dos filhos e sua família que moram em outro país, mas nada é perfeito. Faz parte da condição humana. Entretanto pelo telefone já havia recebido deles os votos de felicidades.

Uma das noras com a netinha
Parabens que chegavam de longe, da Italia, dos cunhados que também me amam, dos sobrinhos através do Facebook e finalmente a surpresa maior: a presença da minha irmã querida que mora na Belgica e que veio exclusivamente para estar presente a esta comemoração  se apresentando a mim durante a missa no momento de desejar a paz.

Nem podia imaginar que completar 70 anos poderia trazer-me tanta felicidade! Agora, como tudo na vida, o dia passou e realmente eu estou mais velha e mais feliz e no que depender de mim quero guardar no coração essa alegria, a esperança, celebrando a vida, me doando aos irmãos na medida do possível, procurando estender a mão àqueles que necessitarem do meu auxilio, a palavra amiga, o sorriso, a oração e segurando sempre na mão do meu Deus porque Ele é a minha “Estrela Azul” é “o meu pastor e com Ele nada me faltará”.


se os condôminos tivesse deixado iria até o raiar do sol

domingo, 7 de agosto de 2011

MUDANÇA DE VIDA

Todos os dias procuro lembrar-me de agradecer e louvar a Deus pela bondade e amor que tem para com os seus filhos, pelas oportunidades que lhes dá de reconhecer e apreciar os dons recebidos, pelos desafios que lhes coloca à frente para que se esforcem e consigam vence-los, sentindo assim a capacidade, a inteligência, a força , enfim, para que sempre tenham diante de si durante a passagem por este mundo, um motivo para seguir em frente, para se alegrar, para se rejubilar pelo que conseguem realizar.


Não deixo nunca de me encantar ao observar que nas diversas fases da minha vida, há uma mão que me guia quando tenho a impressão de perder o rumo, uma presença benéfica que docemente me conforta quando estou triste, alguém que pensa em mim com amor e me aponta uma luz quando parece que nada mais pode me interessar. Alguém que se alegra comigo nos meus momentos de felicidade e me faz companhia nos momentos de abatimento.

São inúmeras as situações em que consigo vislumbrar a possibilidade de uma novidade na vida seja através da perspectiva de uma viagem, da visita inesperada de uma pessoa querida, seja uma mudança de apartamento (já me aconteceu 3 vezes) enfim, sempre tenho uma meta a alcançar , uma coisa que me alegra, que me faz correr ao encontro dessa “novidade,” que me impulsiona para o alto fazendo-me sonhar, fazendo-me desejar caminhar e esquecer as tristezas ou dificuldades.

A novidade dessa vez é grande mesmo e realmente me encheu de forças, de alegria, de sonhos. Dos meus dois filhos que há já alguns anos moram na Italia com a família, um deles resolveu retornar definitivamente ao Brasil. Isso nos trouxe a mim e ao meu marido alem de muita alegria uma carga de ocupações e de responsabilidades a fim de ajudar a família a se estabelecer seja com trabalho, com moradia e com a assistência necessária que num momento como esse os filhos de qualquer família unida esperam dos pais.

Acontece que por força das circunstancias vão ficar conosco por algum tempo enquanto se estabelecem. A família tem duas crianças (7 e 4 anos) menino e menina, cheios de energia, de curiosidade, de amor para dar, de atrevimento, de barulho, de bagunça. E lá se foi o nosso silêncio, a casa limpa e organizada, o nosso repouso de meio dia, enfim, a nossa vidinha do dia a dia. Em compensação voltamos a uma fase há muito esquecida de vozes infantis, de choros e risadas, de TV a todo o volume com desenhos do Bob Esponja e Backyardigans, com computadores ocupados pelos jogos. E também de beijinhos sonolentos pela manhã e à noite, com cheiro de dentifrício, de abraços morninhos, de historias para contar e canções para cantar e muito, muito amor para dar e receber, sem contar com os pais deles (filho e nora) que têm trazido um sopro de juventude à nossa casa, a segurança de uma companhia, de ter com quem trocar idéias, de poder desfrutar de um “papo” agradável sem precisar sair de casa e a alegria de se sentir chamar todos os dias de papai e mamãe depois de tantos anos de ausência.

Certa vez li um livro cujo título era “Quem como Deus”? E faço minhas essas palavras, pois realmente só Ele com o seu carinho e ternura vem ao encontro dos seus filhos fazendo carinhos que só um pai amoroso e compreensivo sabe fazer.

domingo, 15 de maio de 2011

MENS SANA IN CORPORE SANO


com o instrutor, a secretária e o auxiliar

força que você consegue!
 Mesmo sem ter vocação para atleta sempre fui fã da teoria (comprovada) de que exercícios físicos ajudam o corpo a se fortificar, os músculos a se manterem ativos, o organismo a reagir melhor às doenças, apesar do avanço da idade, “esticando” um pouco mais a agilidade, a autonomia de movimentos, enfim, ajudando os jovens a terem uma vida produtiva com saúde e os menos jovens a terem uma velhice menos pesada.



já fui pior, pode crer

a gente melhora, com certeza
 Enquanto eu era jovem, o envolvimento com o trabalho, a educação dos filhos e mil outras atividades, complementadas por um pouco de preguiça, confesso, me impediam de começar uma atividade séria. Há alguns anos iniciei um programa de caminhadas que mantenho até hoje e que me tem rendido bons resultados. Mas eu não estava satisfeita. Queria mais! Até que um dia um ortopedista despertou-me para a prática da musculação. Despertou-me não, porque eu há muito pensava nisso, mas tenho de confessar que não tinha coragem de chegar numa academia, lugar que a minha mente imaginava cheio de jovens de corpos bonitos, “sarados”, levantando pesos, se exercitando em máquinas, exibindo uma juventude que eu não tinha mais. Até que um dia vi, num programa de televisão, pessoas idosas que treinavam seus músculos já cansados, para recobrar movimentos que se haviam tornado difíceis, joelhos que lhes impediam de caminhar bem, colunas que não queriam mais se dobrar, enfim, “dobradiças enferrujadas” que eles estavam tentando resgatar para que funcionassem por mais algum tempo e os resultados estavam aparecendo.


Foi o clic para que eu me decidisse a iniciar um programa de musculação para impedir que minhas “dobradiças” ainda funcionando discretamente, se desgastassem totalmente. Consegui convencer meu esposo a me acompanhar, porque na minha idéia, em dupla, enfrentaríamos melhor a “molecada” (não que ele tivesse esse tipo de preconceito, preciso dizer), mas o fato é que com ele eu me sentia mais segura.

E iniciamos. E a começar pelo instrutor, sério, capaz, atencioso, conhecedor do seu trabalho, sem preconceitos, que nos recebeu muito bem, até os jovens todos que frequentam a academia, descobri que tudo era uma invenção da minha própria mente talvez para não começar a me exercitar e descobri também que lá não há somente jovens mas também muitas pessoas mais “experientes” não exatamente “saradas” estão por lá suando a camisa.                                                                                                  
                                                     
                                          
                                                         E descobri mais: com a frequência à academia, não somente meu corpo, mas também minha mente tem se beneficiado, pois tenho feito amizades, tenho conhecido pessoas, inclusive muitos jovens com quem converso, com quem me relaciono com facilidade, pois é da minha natureza gostar de fazer novas amizades. Agradeço a Deus por me ter dado a palavra fácil, e mais uma vez chego à conclusão de que um “bom dia” dito com sinceridade, um sorriso, uma demonstração de interesse em saber o nome do outro, em saber da saúde, enfim, o básico das relações humanas sadias, faz com que as pessoas se aproximem umas das outras, se gostem, se respeitem não importa o lugar ou a idade que tenham. Carinho não tem idade, simpatia não tem idade, educação não tem idade.


E muitas vezes, já no final do meu horário, enquanto estou me exercitando na esteira, e de onde posso visualizar todo o salão, vejo todas aquelas pessoas jovens ou nem tanto, procurando melhorar seu organismo através do exercício físico, e aí peço a Deus por todas elas para que pensem também em fortalecer o espírito, para que busquem uma unidade com o Deus por quem foram criadas e para o qual devem voltar e procurem manter essa unidade no seu dia a dia.

A fé, a oração, a humildade, o perdão, a aceitação serena das peças que a vida nos prega, dos fracassos que muitas vezes nos alcançam e o entendimento de que as dificuldades podem ser vencidas se tivermos perseverança, podem ser comparados às maquinas que nos ajudam a fortalecer músculos e ossos nos capacitando a avançar nos exercícios, a erguer pesos maiores e obter harmonia para o nosso corpo.

Os “exercícios” do espírito desenvolvem em nós o equilíbrio interior que nos tornará seres humanos segundo a mente de Deus, pois somos seres indivisíveis e a mente e o corpo não são completos sem o espírito de forma que, mesmo convivendo com as lutas, as tristezas, as dificuldades, as quedas e recomeços próprios da humanidade, conseguiremos sempre manter elevada a cabeça numa demonstração de que o espírito está alerta, conduzindo a mente e o corpo, para que sejamos, realmente, “mente sã em corpo são” tendo Deus como nosso mestre e instrutor.

sábado, 23 de abril de 2011

MINHA ORAÇÃO DE PASCOA






Meu Senhor amado        

Hoje é um dia muito importante no calendário litúrgico da igreja, como no coração dos teus filhos que te amam.

Pai (e só a liberdade de chamar-te pai já me enche de esperança e alegria), estou aqui com tudo aquilo que gostaria de ser e não sou, com tudo o que gostaria de dizer e não sei, com tudo o que gostaria de fazer e não consigo. Reconheço-me um NADA mas venho com toda a confiança do filho que se aproxima do pai, sabendo que o teu amor por mim é infinito, que entregaste por mim o teu próprio filho, que me libertaste da escravidão do pecado.

E te adoro, Pai, sem palavras, com a minha pobreza, com os meus pensamentos tolos, com as minhas vaidades mundanas, com a minha língua afiada, com os meus juízos nem sempre corretos, com a minha soberba de achar que pelo fato de ter uma roupa para vestir, uma cama para dormir, um prato de comida, sou melhor que os que nada têm. Não me manda embora, Pai amado, porque eu preciso, desculpa a pretensão, de um cantinho dentro no teu coração amoroso. Deixa que eu mergulhe nessa imensa compaixão e deixa que eu “veja”, que eu sinta, que eu viva a ressurreição do teu Jesus, do meu Jesus. Deixa que eu veja o teu Filho amado ser glorificado, que eu aprecie e aplauda a sua ressurreição, sua vitória contra o mal, contra o pecado e a morte, deixa que eu me inebrie com essa luz misteriosa que emana do seu corpo purificado, livre das cadeias humanas, enquanto volta para ti.

Ainda um pedido: deixa que permaneça comigo um pouco dessa luz para que eu seja transformada, lavada, purificada a fim de que todos quantos me encontrarem sejam também iluminados, que o meu coração tendo absorvido essa luz possa testemunhar por onde eu passar, a tua bondade e misericórdia, o teu amor e compaixão e assim possamos formar um exercito de filhos amados que, guiados pela mão cravada de pregos do teu Filho, vencerão o mal, o pecado e a morte, ressurgindo também com Ele, para viver eternamente na casa que preparaste para cada um e onde “não haverá mais dor, nem luto, nem lágrimas” e onde serás “tudo em todos.”

Amém

sexta-feira, 1 de abril de 2011

TEMPO DE QUARESMA

Oi, queridos amigos, já faz algum tempo que não “marco presença” aqui, mas sou impelida pelo calendário a deixar um pouco de lado os meus afazeres domésticos e comparecer para trazer-lhes a minha mensagem cristã para este tempo de Quaresma, sim, porque já estamos alem de metade do período e bem próximos à Semana Santa.

Este é um tempo muito importante que a igreja nos propõe: momento propício para a reconciliação com Deus e com os irmãos, momento de reconhecimento da misericórdia infinita de Deus para conosco e da nossa atitude descuidada para com Ele, mergulhados que somos nas nossas preocupações diárias de pessoas que esquecem que nossa passagem aqui é breve e que este tempo nos é dado para “construirmos” aqui mesmo a nossa vida verdadeira, esta sim, eterna e de felicidade e alegria se soubermos nos conduzir pelos caminhos de Deus.

Mas antes gostaria de esclarecer para aqueles que desconhecem, a origem da palavra Quaresma.

Cerca de duzentos anos após o nascimento de Cristo, os cristãos começaram a preparar a festa da Páscoa com três dias de oração, meditação e jejum. Por volta do ano 350 d. C., a Igreja aumentou o tempo de preparação para quarenta dias. Assim surgiu a Quaresma. Mas por que quarenta dias?

Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material. Os zeros que o seguem significam o tempo de nossa vida na terra, suas provações e dificuldades. Portanto, a duração da Quaresma está baseada no símbolo deste número na Bíblia. Nela, são relatadas as passagens

dos quarenta dias do dilúvio,

dos quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto,

dos quarenta dias de Moisés e de Elias na montanha,

dos quarenta dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública,

dos 400 anos que durou a estada dos judeus no Egito, entre outras. Esses períodos vêm sempre antes de fatos importantes e se relacionam com a necessidade de ir criando um clima adequado e dirigindo o coração para algo que vai acontecer.

Terminamos o período da Quaresma com a festa da Ressurreição de Cristo, o acontecimento mais extraordinário que já houve e que nunca foi repetido.

Certa vez eu estava em Roma, numa das salas em que o Papa concede audiências aos fiéis e peregrinos. É denominado salão Paulo VI. Ali o Papa pode ser visto pelos presentes e há uma escultura realizada em bronze dourado que pode ser visualizada por todos e que representa justamente o episódio da Ressurreição. A percepção do escultor mostra um Cristo glorioso e brilhante que parece flutuar, um sepulcro vazio e milhares de raios de luz esparsos dando a impressão de uma explosão de luz. Essa imagem nunca se apagou da minha mente e muitas vezes me encontro a pensar no fato verdadeiro que inspirou a escultura e a imaginar o que se passou.

Um sepulcro. Um homem no auge da juventude jaz morto, um corpo sem vida com as marcas do martírio, o rosto todo chagado, inchado por causa das feridas, das pancadas, dos espinhos, um homem que entregara sua vida espontaneamente “pelo bem de muitos”, que amou, curou, ensinou o bem, a humildade, a verdade, a paciência, a mansidão, o perdão. Ali estava vítima do orgulho, da cobiça, do desejo de poder, da vaidade.

A vitoria do mal sobre o bem?

De repente, uma tênue luz começa a iluminar aquele buraco escuro e aquele corpo começa a brilhar e aquela luz vai pulsando e os músculos, os ossos, a pele vão se refazendo, o sangue, primeiro timidamente, depois cada vez mais forte vai circulando e o coração começa a pulsar, os olhos se abrem e ele, levantando-se, deixa sobre a pedra os panos que o envolviam, se levanta, perfeito, jovem, belo, são, reconstruído, ressuscitado. E a humanidade pode respirar aliviada. Fomos redimidos. Estamos salvos!

Que misteriosa força foi essa que operou tamanha maravilha?

A mesma força que baniu do paraíso os anjos orgulhosos e rebeldes. A mesma que criou o universo e nele colocou o homem para que dele cuidasse. A mesma que através do SIM obediente e confiante de uma jovem, fez encarnar no corpo puro de Maria aquele que salvaria a humanidade.

Pois essa força, queridos amigos, é a mesma, mesmíssima que pode fazer você retornar aos seus braços amorosos, tirar você do pecado, lhe dar forças para enfrentar as lutas e dificuldades da vida. Força para perdoar àqueles que tão profundamente lhe ofenderam, para sair do vício no qual você está mergulhado e que lhe domina fazendo-lhe sentir a sua fragilidade. Enfim, força para gritar bem alto, como São Paulo, “é na minha fraqueza que se manifesta a tua força”, porque quando nos reconhecemos necessitados, quando praticamos a humildade, quando entendemos que nada somos por nós mesmos, podemos cantar:

“Tudo é do Pai, toda a honra e toda a gloria

É dele a vitoria alcançada em minha vida.

Tudo é do Pai, se sou fraco e pecador, bem mais forte é o meu Senhor

Que me cura por amor.”

Então, nesta Pascoa desejo você reconstruido , curado, libertado.

FELIZ PASCOA!!!

segunda-feira, 7 de março de 2011

A CASINHA DA ARVORE

a casinha vista do chão
tio Battista e Claudio os construtores da casa
Idealizada pelo tio Battista e a tia Aurelice e contando com a preciosa ajuda do Claudio, finalmente lá estava ela prontinha, pintada, no ponto para ser inaugurada em pleno domingo de carnaval: a casinha da árvore!
E a meninada a curtir, a subir pela escada e a descer pelo escorregador, a gritar lá de cima para os outros subirem; outros em pleno sol a usarem o guarda chuva e não era importante que estivesse chovendo mas que eles pudessem usá-lo sozinhos sem a ajuda de mamães ou vovós, mesmo que não houvesse necessidade. Não se pode negar que muitos adultos tambem recordaram seus dias de criança experimentando a tão falada casinha!
começou a brincadeira, olé olé olá...


Quantos rabiscos foram feitos, quantos telefonemas a lojas para saber preços de madeira, de tinta, quantas viagens ao Jabuti, quantos pregos e parafusos foram colocados, quanto trabalho para que hoje pais e avós orgulhosos pudessem ver suas crianças a jogar, a se divertir, a viver a sua infância, a brincarem o carnaval sob a custodia de familiares, cercados do carinho e dos cuidados daqueles que os amam e querem educá-los em um ambiente de paz, de fraternidade e de amor nessa época em que as crianças ainda dependem totalmente dos pais. Abençoadas crianças!

e como ninguém é de ferro...


O Jabuti, que fica na localidade do mesmo nome, é um “sítio” onde um dos meus irmãos possui uma casa. Mais que uma casa, “possui” sete ou oito enormes mangueiras que além de darem sombra e frescor, nos proporcionam a oportunidade do encontro especialmente depois que nossos pais partiram, pois ficamos órfãos não somente da presença deles como também de um lugar onde nos encontrarmos, porque a casa deles era a casa de todos.

Hoje aqui se encontram as gerações. Sobrinhos que vinham crianças para passar um dia sob essas mangueiras e hoje trazem seus filhos. Aqui sabemos notícias de todos, dos que estão em outras cidades e até em outros países por motivo de estudo ou de trabalho, como dos que simplesmente não puderam vir porque tinham outro programa. Aqui se cultiva a amizade e o respeito pelo outro, a solidariedade e a consciência do que é ser família. Aqui todos somos irmãos: cunhados, sobrinhos, e também os amigos. (Não posso negar que aqui também se bebe muita cerveja). Aqui “sentimos” literalmente a presença viva dos nossos pais que tantas vezes aqui estiveram, que tantos conselhos, abraços, sorrisos distribuíram entre filhos e netos e que hoje, de outra dimensão, com certeza, nos observam e intercedem por nós.


o baile tá "bombando"













o Arthur é o mais novo frequentador do local

Isso é o Jabuti. A simplicidade de um pedaço de terreno, muita criança pra brincar, muito afeto pra oferecer, muita conversa pra jogar fora, e não encontro nada melhor pra traduzir esse sentimento que a ternura das palavras do Toquinho cantadas por Sandy e Junior na linda canção:

Era uma vez

Era uma vez
Um lugarzinho no meio do nada
Com sabor de chocolate
E cheiro de terra molhada

festa da garotada com a cachorrinha "Marie"

Era uma vez
A riqueza contra a simplicidade
Uma mostrando pra outra
Quem dava mais felicidade

Pra gente ser feliz
Tem que cultivar
As nossas amizades
Os amigos de verdade
Pra gente ser feliz
Tem que mergulhar
Na própria fantasia
Na nossa liberdade

Uma historia de amor,
de aventura e de magia,
só tem a ver
quem já foi criança um dia.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O NOME DELE É PERI!

“O NOME DELE É PERI”


Por esses dias tenho pensado muito no meu pai, recordando a pessoa maravilhosa que ele era. Por ser um homem alegre, espirituoso, era muito querido por todos na pequena cidade onde morávamos e onde ele chegava era a certeza de risos, pois em tudo ele sabia encontrar motivo para uma piada, qualquer coisa que contasse era engraçado.

Ele viajava bastante pelos povoados seja os vizinhos e até mais distantes, às vezes no jipe da repartição, outras a cavalo; era funcionário das Endemias Rurais (que antigamente eram chamados de mata-mosquito) mas quando estava em casa havia sempre os amigos que vinham para encontrá-lo e aí ficavam na varanda ou na calçada conversando, rindo, trocando idéias. Muitas vezes nossa sala ficava cheia de gente assistindo pelo radio a novela “Jerônimo, o herói do sertão”. Ainda não era chegada a televisão.

Na cidadezinha em que morávamos, quando se tinha necessidade de vir a Fortaleza havia dois meios de transporte: um ônibus, desses abertos nas laterais que os habitantes chamavam “O Bolero” e quando não havia possibilidade de encontrar vaga, havia o caminhão que, naturalmente era para cargas, mas  tinha três boléias, para os passageiros que haviam sobrado.

É justamente no caminhão que se passa o fato que quero contar.

Certa vez meu pai tendo vindo a Fortaleza para resolver algumas coisas, na hora de retornar aconteceu de não haver mais vaga nem no ônibus nem na boléia do caminhão. Ele precisava voltar pra casa então se submeteu a viajar em cima, na carroceria, junto com a carga. Mas ao invés de ser um incomodo, foi uma curtição, pois encontrou um amigo e compadre, o Áureo Campos, que estava na mesma situação.

O caminhão saiu, eles a conversar e a trocar idéias, a falar de caçadas que eles adoravam. E a viagem seguia em frente. Lá pelas tantas, em uma das inúmeras paradas, subiu para a carroceria um novo passageiro: o Almerindo, irmão do Áureo, que estava num povoado onde tinha ido para pegar um cachorro que alguém lhe prometera. E lá estava ele com aquele vira-lata nos braços. No princípio houve certo interesse pelo animal, perguntaram que idade tinha, de onde vinha, se era treinado para caçar, enfim, as perguntas normais de caçadores. Ele respondia a tudo com um enorme entusiasmo próprio do caçador pelo seu animal.

 Depois o interesse dos outros acabou e o assunto mudou para outras coisas. “Mas ele não se conformava e queria sempre falar daquilo que era o seu maior interesse no momento e volta e meia se metia na conversa para dizer: “o cachorro é muito bom”, ou “caça tatu como nenhum outro”, ou ainda: ele é um companheiro e tanto”!, Enfim, não parava de gabar o cachorro, até que o Áureo se zangou e disse: “larga de ser besta, macho, não tem outro assunto não? Só fala nesse vira-lata, já está enchendo o saco”! Ele ficou meio encabulado e realmente não falou mais, enquanto o papo dos outros continuava muito animado. Mesmo meio ressabiado continuava com o cachorro nos braços como quem carregava um bebê. Até que num momento meu pai percebeu o quanto ele estava calado e disse: “o que foi que houve compadre? Tá tão calado, fala alguma coisa”! Era a deixa que ele esperava, não se fez de rogado e imediatamente, ainda alisando o cachorro disse em alta voz: “ o nome dele é PERI”!


Ainda hoje na nossa casa, sempre que existe uma coisa que desperta interesse e a gente fala nisso mais que o normal, usamos dizer : o nome dele é Peri.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

PUERTO VARAS


não é fantástica a montanha?
 No final da viagem ainda passaríamos por Santiago, mas agora era hora de seguirmos nosso programa que tinha como próximo destino a pequenina, bonita e agradável cidade de Puerto Varas (às margens do Lago Llanquihue), cidade turística que está situada na denominada "região dos lagos", cerca de 960 km ao sul de Santiago. Localiza-se a apenas 65 km do vulcão Osorno (inativo) e um daqueles que juntamente com o Calbuco, como me dissera o Bruno, podíamos ver cada vez que nos aproximávamos do janelão do hotel em que ficamos hospedados.

Devo dizer que o Osorno, desde que o vi, exerceu sobre mim uma influência quase mágica, pois durante os dias em que estivemos na região, meu olhar era constantemente atraído para aquela linda montanha cônica coberta de neve (muito semelhante ao famoso Monte Fuji) que de quase qualquer lugar onde estávamos podíamos ver. Ficou tão presente, que meu marido para brincar comigo passou a chamá-lo “Zé”. Para dizer que era como um velho conhecido.

Mas voltemos à narrativa.

Saímos de Santiago às 20:00h depois de um dia quente e cansativo. Nossa esperança era que viajaríamos no “bus salon cama” nome mais chic do ônibus leito que, pelo que sabíamos era confortabilíssimo, que veríamos paisagens belíssimas, etc. e pelas 22:00h faria uma parada num restaurante agradável onde os passageiros jantariam. Pela novidade do fato aceitamos a sugestão renunciando a uma viagem de avião que teria durado apenas uma hora ou pouco mais. Realmente o ônibus era muito confortável, nossas cadeiras ficavam na parte superior, no segundo andar e em conforto eu compararia à classe executiva dos aviões comerciais. Poltrona-cama macia, cobertor, silêncio, passageiros muito educados, fiquei, de fato, bem impressionada com o nível de educação dos nossos companheiros de cabine. Aliás, o povo chileno é bem educado.

Mas as horas passando, 9:30h, 10:00h e nada da esperada paradinha para o jantar, somente depois que perguntamos ao encarregado da assistência aos passageiros é que viemos, a saber, que a viagem era direta, sem paradas, ou seja, não haveria jantar. Só aí entendi porque antes vira as pessoas tirando das sacolas seus pacotinhos com sanduíches uns, biscoitos outros, mas é assim mesmo, quem não sabe é como quem não vê.

E agora? Estávamos todos com fome e tivemos de nos conformar em dividir 2 barras de chocolate entre 8 pessoas, incluindo as duas crianças para enfrentar as outras dez horas de viagem. Pois é isso, depois do chocolate, água e dormir! E mais, durante a noite quem via as “lindas paisagens”? Ao amanhecer, uma caixinha com um biscoitão e uma garrafinha de suco, uma saladinha e pronto! Chegamos em Puerto Varas às 8:30 da manhã. Gostaria de encerrar aqui este parágrafo, mas preciso contar que ao chegar ao Cabañas do Lago, o hotel em que ficaríamos hospedados, nossos quartos ainda não estavam livres, só poderíamos entrar após o almoço. O restaurante, entretanto, estava liberado para o café da manhã. Pelo menos isso.


olha a igreja como é linda!!
 Mas como em viagem a gente não deve se estressar entramos na Van que já estava à nossa espera e fomos à descoberta da cidade que é realmente linda, com casinhas de madeira no estilo alemão, com gerânios e cortinas rendadas nas janelas, parecendo letra de canção antiga, colinas verdes iluminadas pelo sol da manhã, um clima ameno, um lindo lago e aí não tinha lugar para mau humor naquela paisagem de cartão postal.


um dos recantos de Puerto Varas. Rosas à beira do lago
 O Sergio, nosso simpático e informado motorista, depois de mostrar a cidade, nos levou até Puerto Montt a cidade vizinha, muito maior, mais desenvolvida (é a segunda cidade do Chile). Aí estão instaladas várias industrias para beneficiamento de salmão, mas está longe de ter o charme e a beleza de Puerto Varas. Depois do passeio fomos a um bom restaurante, almoço farto, comida gostosa e aí, sim, pudemos dar entrada no hotel onde, enfim, estávamos bem instalados para passar os cinco dias seguintes, incluindo o Natal.

A ceia da véspera de Natal foi no próprio hotel e depois fomos todos ao nosso apartamento para fazermos uma oração e procedermos à troca de presentes que havíamos previamente preparado. As crianças curtiram muito, foi animado de verdade. No dia seguinte fomos à Missa na Catedral da cidade que é linda, toda feita de uma madeira chamada alerce, (da qual atualmente está proibido o uso, pois quase foi extinta), parece aqueles edifícios dos filmes de Walt Disney, pintada de branco e vermelho.


no barco para ir ver os pinguins
 No dia seguinte fomos ver as Pinguineiras de Puñihuill, tendo que ir de ferry boat através do Canal de Chacao até a Ilha Grande de Chiloé, de onde seguiríamos por terra até a praia onde ficam os barcos que levam os turistas para ver os pingüins. Até chegar aí já tínhamos feito muitos quilômetros, fazia frio e chovia um pouco.

O barco que nos levou para fazermos o giro que nos permitiria ver os pingüins é um capítulo à parte. O barco com motor de popa muito potente “pulava” como um potro desgovernado, todos nós portávamos coletes salva vidas e todos também estávamos apavorados. Os homens, com certeza, não vão admitir. Mas eu estava, sim. O vento era forte e frio. Na verdade, os pingüins não eram muitos, mas foi legal, pitoresco e saber que estávamos no Oceano Pacífico deu mais emoção ao passeio.

No dia seguinte seria a esperada travessia dos lagos e não decepcionou. Saímos de ônibus juntamente com muitos outros turistas que estavam nos vários hotéis da cidade, rumo ao Puerto de Petrohué, entramos no lindo parque Vicente Perez Rosales, vimos os saltos de Petrohué cujas águas que têm uma cor inacreditável, (verde esmeralda) são oriundas do degelo do vulcão Osorno (o Zé) e de tão transparentes permitem ver as lavas vulcânicas. O guia explicava que naquela região chove durante cerca de duzentos dias por ano, não é de admirar, então, uma vegetação assim exuberante. Disse-nos ainda que o terremoto de 1960 que durou 11 longos minutos modificou a geografia dos locais atingidos.


olha aí o pessoal que preferiu o caiaque
 Embarcamos no Catamarã que nos levaria a Peulla. Viajávamos no Lago Todos os Santos que por causa da cor das águas é também chamado Esmeralda e como o tempo estava favorável ficamos fora do salão destinado aos passageiros e aí era só beleza para se admirar: o céu que se espelhava nas águas do lago, muito verde das montanhas em redor, umas com os picos nevados, cachoeiras formadas pelas águas do degelo das montanhas, uma paisagem linda, repousante e que levava a alma ao louvor de um Criador de tanto poder e amor.

Em Peulla tivemos o passeio com um caminhão 4x4 tipo de guerra e foi lindo, ele atravessava o rio formado pelo degelo do vulcão, levantando água, passando sobre pedras, e podíamos ver o helicóptero sobrevoando o rio e as montanhas com as pessoas que haviam feito essa opção de passeio, mais atrás os que haviam escolhido navegar com os caiaques, enfim, havia opção para todos os gostos.

Depois vimos os animais nos cercados, lhamas, cervos, alpacas, ovelhas, cabras, porcos todos criados na planície rodeada de montanhas, com muito pasto, muita água e pensei que até animal precisa de sorte. Retornamos ao hotel com o coração preenchido por tanta beleza.


imagine o perfume...
 No dia seguinte que seria o nosso ultimo dia naquela região ainda fomos a Frutillar, uma cidadezinha linda que tem somente 16.000 habitantes, mas que tem grande importância histórica para o país, pois ali se instalaram os primeiros colonos alemães que chegaram ao Chile. Tem também importância cultural, pois promove festivais de musica como “Las Semanas Musicales” com orquestras sinfônicas e filarmônicas dirigidas por conhecidos diretores, como também conjuntos de câmera, corais, jazz e óperas. As construções em Frutillar também têm a característica alemã, as praias às margens do lago são lindas, os jardins das casas, bem cuidados com lindas flores. Estivemos em uma casa de chá no meio de um campo de lavandas que é uma coisa linda! Toda a decoração do interior da casa é feita baseada na lavanda: toalhas, louças,quadros, enfim, tudo!

E mais uma coisa: da cidade podem ser vistos quatro vulcões: Osorno, Calbuco, Pontiagudo e Tronador. Prá quem na vida nunca vira um vulcão, já era um exagero!

Mas era hora de voltar e, após o almoço já iríamos diretamente ao pequeno, limpo e arrumado aeroporto de Puerto Montt para voltarmos a Santiago, ao hotel, e no dia seguinte, logo pela manhã novamente aeroporto, dessa vez o internacional, para voltar a São Paulo e tomar o rumo de casa. Era hora de cair na real.

No entanto, no pequeno espaço de tempo entre Puerto Monte e Santiago, eu olhava da janela do avião a majestosa Cordilheira dos Andes e apreciando aquelas lindas e altas montanhas, por alguns momentos ainda pude ver e saudar o meu amigo Zé.

em Peulla, entre agua e montanhas


segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

CHILE

Chile


Ao chegarmos da viagem que fizemos aos países do Baltico, ainda com as valises por desfazer, nossa filha disse que ela e o marido tinham um presente de Natal para nos oferecer (estávamos em finais de outubro), e o presente seria uma viagem ao Chile na companhia deles com data já fixada para meados de dezembro. Tomei um susto. Por dois motivos: primeiro, uma viagem assim tão “pertinho” da outra não era coisa que fizesse parte dos meus planos; segundo porque o Chile sempre imprimiu em mim uma espécie de receio, coisa antiga, ainda dos meus tempos de estudante quando lia nos livros de geografia que o país por sua intensa atividade sísmica e pelo grande numero de vulcões existentes em seu território fazia parte do chamado “Círculo de fogo do Pacífico.” Esta expressão nunca me saiu da mente, era muito forte. Não seria, portanto, um lugar que eu escolheria para fazer turismo. Quando o Bruno, nosso netinho, veio me dizer, eufórico, que um dos hotéis nos quais nos hospedaríamos ficava bem de frente para dois vulcões, ai, meu Deus, aí completou o “circulo de fogo” da minha mente.


A arvore de Natal do hotel

“Mas calma, eu me dizia. Todos os dias milhares de turistas vão ao Chile, gente do Brasil, pessoas conhecidas e amigos nossos e voltam encantados com o país, contando maravilhas”, e o meu outro lado medroso replicava: “é, mas em fevereiro mesmo houve um terremoto grande”. O fato é que a companhia que teríamos de filhos e netos, a alegria deles, a ansiedade em preparar a viagem, me contagiaram (meu marido já estava “contagiado” desde o principio), e por que não dizer, o nome que a agencia de viagens deu ao “pacote”: Travessia dos Lagos Andinos, mais bonito e romântico, impossível, aí não tinha mais medo que me impedisse de ir.


piscina do hotel mostrando uma pequena área do jardim
 Agradeço a Deus por ter feito a escolha certa, porque foi uma viagem maravilhosa, foram 10 dias de alegria, de encher os olhos com paisagens magníficas, de apreciar uma natureza linda, que retribui em beleza, em doçura, em montanhas encantadoras, em uma vegetação exuberante, em um clima extremamente diversificado, em regiões de desertos áridos e outras de chuvas abundantes, o que possa ter de violência pelos terremotos e vulcões.                                                                                        

Achei lindo o que se lê na apresentação do livro que é vendido aos turistas, aquele que quase todos compram e acho que vale a pena transcrever: “A geografia do Chile é tão singular que parece fecundada pela fantasia e o sonho de um Criador que se deixou levar pelo mais exaltado delírio como pela mais harmoniosa serenidade. A beleza do Chile é tão variada que tudo cabe nela. Essa terra é tudo, a mais longa, a mais estreita, a mais longínqua, e em tantos sentidos, a mais prodigiosa do mundo. Se apresenta no mapa como uma travessura cartográfica traçada por um finíssimo pincel que prende a Cordilheira dos Andes e a debruça quase mais sobre o mar que à sua frente.”


Vista da cidade

Não há como não ver o Chile como um país de “primeiro mundo”, contradizendo àqueles que chamam essa parte do hemisfério Sul de America “latrina”.

Vista da cidade


Não entendo de política, ou economia ou qualquer outra coisa que me qualifique para que dê uma opinião abalizada sobre um país, mas vejo jornais, escuto noticiários, assisto a programas de televisão e tenho olhos para ver, cabeça para pensar e sei observar para tirar a conclusão de que esse país tem enormes riquezas, que o mar é prodigo e tem projetado o nome do país pelo mundo afora com a indústria pesqueira altamente desenvolvida, que a riqueza geológica tem sido fator de enorme desenvolvimento com a exploração de minas, que na parte central do país o clima de tipo mediterrâneo faz do país um dos maiores exportadores de frutas atendendo os países do hemisfério Norte durante os meses de inverno com uvas, nectarinas, maçãs, peras, kiwis, cerejas, pêssegos e ao lado disso a produção de vinho que vem sempre mais ganhando espaço e competindo com as grandes casas vinícolas européias. A indústria do turismo, em franco desenvolvimento, é fator de riqueza para qualquer país, especialmente num mundo onde os transportes, principalmente os aéreos, têm se desenvolvido muito, barateando os custos e possibilitando às pessoas de médio poder aquisitivo, viajarem em férias, em resumo, fazerem turismo.


Cerro Santa Lucia

O fecho para tudo isso é uma política séria, comprometida com a população. Sente-se a satisfação do povo com os seus governantes. Conversando com o motorista da Van que estava à nossa disposição ele me dizia que o povo está realmente satisfeito com o atual presidente, porque ele está dando continuação ao trabalho do governo anterior que tinha sido ótimo. Disse-nos ainda que eles, os motoristas das vans que conduzem os turistas têm à disposição cursos proporcionados pelo governo que constam de conhecimentos sobre a historia, geografia, política, economia, produção agrícola, minas, enfim, um grande numero de informações atualizadas para que eles se capacitem e os os turistas conheçam um pouco do país que estão visitando.

A saída do vôo de São Paulo para Santiago atrasou e ao invés de chegarmos às 22h como previsto chegamos já por volta da meia noite e fomos de taxi para o lindo Grand Hyatt Hotel que tinha logo no pátio de entrada uma imensa árvore de Natal cujo topo chegava à altura do 5º andar. Uma maravilha! Hotel chic!!! Os jardins belíssimos são dignos de um Burle Max! Quarto grande, cama confortável, uma beleza para quem saíra de casa às 8 da manhã. Depois de um sono reparador e um café da manhã farto e saudável, encontramos na recepção o Marcelo que ficaria conosco durante nossa estada em Santiago. Pessoa simpática e agradável. Embarcamos na van que já estava a postos e saímos à descoberta de Santiago.


Centro da cidade - Catedral

Pudemos observar como a cidade é desenvolvida, bonita, com largas avenidas, parques fantásticos, enormes e muitos, encontram-se muitos parques pela cidade. Eu pensava no valor da água, alias, já tinha visto isso noutros lugares onde estive, a presença da água em quantidade, muda completamente o visual de uma cidade. As árvores bem desenvolvidas, o verde espalhado por toda parte, flores em abundancia e, é claro, uma administração que se preocupa com a limpeza e a manutenção das esculturas, dos prédios públicos, dos jardins, de tudo o que compõe a beleza de uma cidade.
Marcas do terremoto de fevereiro
                                                                                                                                            

Fomos a uma colina que é ponto turístico, chamada Cerro Santa Lucia, muito bonita e agradável. Por onde se passa há sempre alguma estátua, prédio ou avenida que relembra o nome do fundador da cidade, Pedro de Valdívia. Por acaso eu havia lido recentemente um romance de Isabel Allende, “Inès dell´anima mia”, que falava da conquista do Chile pelos espanhois e cujo protagonista era exatamente Pedro de Valdívia. Recordar o que havia lido, pensar no que era a capital na época da fundação e observar o que agora estava diante de mim, foi realmente gratificante.


Palacio La Moneda

Visitamos o zoológico num dia de calor intenso, mas para as crianças foi maravilhoso, ver os animais é sempre um ponto de atração. Visitamos também o Convento de São Francisco, vizinho à igreja que tem uma imagem da Virgem Maria trazida da Espanha. Por quem? Por ele, sim, Pedro de Valdivia.


Bruno e Letizia tentando medir a arvore
 Vimos ainda a casa onde morou Pablo Neruda, visitamos uma fabrica/oficina onde trabalham a prata e a pedra lápis lazzuli, cujas minas já foram cerradas à extração em grande escala para não esgotá-las (essa pedra só existe no Chile e no Afeganistão), assim a pedra agora é trabalhada na confecção de objetos para decoração e jóias que os artesãos trabalham juntamente com a prata produzindo “semi-joias” de bom gosto e grande beleza. Antes era usada em pavimentos de hotéis e revestimento de piscinas.

No calorão um sorvete vai bem!
O centro da cidade todo decorado para o Natal, nos shoppings, o vai e vem de pessoas que precede as grandes festas, tudo era motivo para deixar-nos animados e para apreciar cada vez mais o país que estava sendo para nós uma agradável surpresa. As crianças contagiadas pelo espírito do Natal e certas de que já falavam espanhol, em qualquer lugar onde entravamos diziam: Feliz Navidad!

Na próxima publicação falarei sobre as outras cidades que visitamos, além de Santiago: Valparaiso, Viña Del Mar, indo em seguida para a distante Puerto Varas, linda cidade de colonização alemã com uma arquitetura que remete às cidadezinhas da Europa, Puerto Montt, Frutillar, Puerto Octay, Chiloé, fomos ver as Pinguiñeras de Puiñuhill, Isla Grande, as corredeiras de Petrohué, Peulla, enfim há ainda muitas coisas bonitas para contar. Até a próxima.