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não é fantástica a montanha? |
No final da viagem ainda passaríamos por Santiago, mas agora era hora de seguirmos nosso programa que tinha como próximo destino a pequenina, bonita e agradável cidade de Puerto Varas (às margens do Lago Llanquihue), cidade turística que está situada na denominada "região dos lagos", cerca de 960 km ao sul de Santiago. Localiza-se a apenas 65 km do vulcão Osorno (inativo) e um daqueles que juntamente com o Calbuco, como me dissera o Bruno, podíamos ver cada vez que nos aproximávamos do janelão do hotel em que ficamos hospedados.
Devo dizer que o Osorno, desde que o vi, exerceu sobre mim uma influência quase mágica, pois durante os dias em que estivemos na região, meu olhar era constantemente atraído para aquela linda montanha cônica coberta de neve (muito semelhante ao famoso Monte Fuji) que de quase qualquer lugar onde estávamos podíamos ver. Ficou tão presente, que meu marido para brincar comigo passou a chamá-lo “Zé”. Para dizer que era como um velho conhecido.
Mas voltemos à narrativa.
Saímos de Santiago às 20:00h depois de um dia quente e cansativo. Nossa esperança era que viajaríamos no “bus salon cama” nome mais chic do ônibus leito que, pelo que sabíamos era confortabilíssimo, que veríamos paisagens belíssimas, etc. e pelas 22:00h faria uma parada num restaurante agradável onde os passageiros jantariam. Pela novidade do fato aceitamos a sugestão renunciando a uma viagem de avião que teria durado apenas uma hora ou pouco mais. Realmente o ônibus era muito confortável, nossas cadeiras ficavam na parte superior, no segundo andar e em conforto eu compararia à classe executiva dos aviões comerciais. Poltrona-cama macia, cobertor, silêncio, passageiros muito educados, fiquei, de fato, bem impressionada com o nível de educação dos nossos companheiros de cabine. Aliás, o povo chileno é bem educado.
Mas as horas passando, 9:30h, 10:00h e nada da esperada paradinha para o jantar, somente depois que perguntamos ao encarregado da assistência aos passageiros é que viemos, a saber, que a viagem era direta, sem paradas, ou seja, não haveria jantar. Só aí entendi porque antes vira as pessoas tirando das sacolas seus pacotinhos com sanduíches uns, biscoitos outros, mas é assim mesmo, quem não sabe é como quem não vê.
E agora? Estávamos todos com fome e tivemos de nos conformar em dividir 2 barras de chocolate entre 8 pessoas, incluindo as duas crianças para enfrentar as outras dez horas de viagem. Pois é isso, depois do chocolate, água e dormir! E mais, durante a noite quem via as “lindas paisagens”? Ao amanhecer, uma caixinha com um biscoitão e uma garrafinha de suco, uma saladinha e pronto! Chegamos em Puerto Varas às 8:30 da manhã. Gostaria de encerrar aqui este parágrafo, mas preciso contar que ao chegar ao Cabañas do Lago, o hotel em que ficaríamos hospedados, nossos quartos ainda não estavam livres, só poderíamos entrar após o almoço. O restaurante, entretanto, estava liberado para o café da manhã. Pelo menos isso.
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olha a igreja como é linda!! |
Mas como em viagem a gente não deve se estressar entramos na Van que já estava à nossa espera e fomos à descoberta da cidade que é realmente linda, com casinhas de madeira no estilo alemão, com gerânios e cortinas rendadas nas janelas, parecendo letra de canção antiga, colinas verdes iluminadas pelo sol da manhã, um clima ameno, um lindo lago e aí não tinha lugar para mau humor naquela paisagem de cartão postal.
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um dos recantos de Puerto Varas. Rosas à beira do lago |
O Sergio, nosso simpático e informado motorista, depois de mostrar a cidade, nos levou até Puerto Montt a cidade vizinha, muito maior, mais desenvolvida (é a segunda cidade do Chile). Aí estão instaladas várias industrias para beneficiamento de salmão, mas está longe de ter o charme e a beleza de Puerto Varas. Depois do passeio fomos a um bom restaurante, almoço farto, comida gostosa e aí, sim, pudemos dar entrada no hotel onde, enfim, estávamos bem instalados para passar os cinco dias seguintes, incluindo o Natal.
A ceia da véspera de Natal foi no próprio hotel e depois fomos todos ao nosso apartamento para fazermos uma oração e procedermos à troca de presentes que havíamos previamente preparado. As crianças curtiram muito, foi animado de verdade. No dia seguinte fomos à Missa na Catedral da cidade que é linda, toda feita de uma madeira chamada alerce, (da qual atualmente está proibido o uso, pois quase foi extinta), parece aqueles edifícios dos filmes de Walt Disney, pintada de branco e vermelho.
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no barco para ir ver os pinguins |
No dia seguinte fomos ver as Pinguineiras de Puñihuill, tendo que ir de ferry boat através do Canal de Chacao até a Ilha Grande de Chiloé, de onde seguiríamos por terra até a praia onde ficam os barcos que levam os turistas para ver os pingüins. Até chegar aí já tínhamos feito muitos quilômetros, fazia frio e chovia um pouco.
O barco que nos levou para fazermos o giro que nos permitiria ver os pingüins é um capítulo à parte. O barco com motor de popa muito potente “pulava” como um potro desgovernado, todos nós portávamos coletes salva vidas e todos também estávamos apavorados. Os homens, com certeza, não vão admitir. Mas eu estava, sim. O vento era forte e frio. Na verdade, os pingüins não eram muitos, mas foi legal, pitoresco e saber que estávamos no Oceano Pacífico deu mais emoção ao passeio.
No dia seguinte seria a esperada travessia dos lagos e não decepcionou. Saímos de ônibus juntamente com muitos outros turistas que estavam nos vários hotéis da cidade, rumo ao Puerto de Petrohué, entramos no lindo parque Vicente Perez Rosales, vimos os saltos de Petrohué cujas águas que têm uma cor inacreditável, (verde esmeralda) são oriundas do degelo do vulcão Osorno (o Zé) e de tão transparentes permitem ver as lavas vulcânicas. O guia explicava que naquela região chove durante cerca de duzentos dias por ano, não é de admirar, então, uma vegetação assim exuberante. Disse-nos ainda que o terremoto de 1960 que durou 11 longos minutos modificou a geografia dos locais atingidos.
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olha aí o pessoal que preferiu o caiaque |
Embarcamos no Catamarã que nos levaria a Peulla. Viajávamos no Lago Todos os Santos que por causa da cor das águas é também chamado Esmeralda e como o tempo estava favorável ficamos fora do salão destinado aos passageiros e aí era só beleza para se admirar: o céu que se espelhava nas águas do lago, muito verde das montanhas em redor, umas com os picos nevados, cachoeiras formadas pelas águas do degelo das montanhas, uma paisagem linda, repousante e que levava a alma ao louvor de um Criador de tanto poder e amor.
Em Peulla tivemos o passeio com um caminhão 4x4 tipo de guerra e foi lindo, ele atravessava o rio formado pelo degelo do vulcão, levantando água, passando sobre pedras, e podíamos ver o helicóptero sobrevoando o rio e as montanhas com as pessoas que haviam feito essa opção de passeio, mais atrás os que haviam escolhido navegar com os caiaques, enfim, havia opção para todos os gostos.
Depois vimos os animais nos cercados, lhamas, cervos, alpacas, ovelhas, cabras, porcos todos criados na planície rodeada de montanhas, com muito pasto, muita água e pensei que até animal precisa de sorte. Retornamos ao hotel com o coração preenchido por tanta beleza.
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imagine o perfume... |
No dia seguinte que seria o nosso ultimo dia naquela região ainda fomos a Frutillar, uma cidadezinha linda que tem somente 16.000 habitantes, mas que tem grande importância histórica para o país, pois ali se instalaram os primeiros colonos alemães que chegaram ao Chile. Tem também importância cultural, pois promove festivais de musica como “Las Semanas Musicales” com orquestras sinfônicas e filarmônicas dirigidas por conhecidos diretores, como também conjuntos de câmera, corais, jazz e óperas. As construções em Frutillar também têm a característica alemã, as praias às margens do lago são lindas, os jardins das casas, bem cuidados com lindas flores. Estivemos em uma casa de chá no meio de um campo de lavandas que é uma coisa linda! Toda a decoração do interior da casa é feita baseada na lavanda: toalhas, louças,quadros, enfim, tudo!
E mais uma coisa: da cidade podem ser vistos quatro vulcões: Osorno, Calbuco, Pontiagudo e Tronador. Prá quem na vida nunca vira um vulcão, já era um exagero!
Mas era hora de voltar e, após o almoço já iríamos diretamente ao pequeno, limpo e arrumado aeroporto de Puerto Montt para voltarmos a Santiago, ao hotel, e no dia seguinte, logo pela manhã novamente aeroporto, dessa vez o internacional, para voltar a São Paulo e tomar o rumo de casa. Era hora de cair na real.
No entanto, no pequeno espaço de tempo entre Puerto Monte e Santiago, eu olhava da janela do avião a majestosa Cordilheira dos Andes e apreciando aquelas lindas e altas montanhas, por alguns momentos ainda pude ver e saudar o meu amigo Zé.
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em Peulla, entre agua e montanhas |