Oi, queridos amigos, já faz algum tempo que não “marco presença” aqui, mas sou impelida pelo calendário a deixar um pouco de lado os meus afazeres domésticos e comparecer para trazer-lhes a minha mensagem cristã para este tempo de Quaresma, sim, porque já estamos alem de metade do período e bem próximos à Semana Santa.
Este é um tempo muito importante que a igreja nos propõe: momento propício para a reconciliação com Deus e com os irmãos, momento de reconhecimento da misericórdia infinita de Deus para conosco e da nossa atitude descuidada para com Ele, mergulhados que somos nas nossas preocupações diárias de pessoas que esquecem que nossa passagem aqui é breve e que este tempo nos é dado para “construirmos” aqui mesmo a nossa vida verdadeira, esta sim, eterna e de felicidade e alegria se soubermos nos conduzir pelos caminhos de Deus.
Mas antes gostaria de esclarecer para aqueles que desconhecem, a origem da palavra Quaresma.
Cerca de duzentos anos após o nascimento de Cristo, os cristãos começaram a preparar a festa da Páscoa com três dias de oração, meditação e jejum. Por volta do ano 350 d. C., a Igreja aumentou o tempo de preparação para quarenta dias. Assim surgiu a Quaresma. Mas por que quarenta dias?
Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material. Os zeros que o seguem significam o tempo de nossa vida na terra, suas provações e dificuldades. Portanto, a duração da Quaresma está baseada no símbolo deste número na Bíblia. Nela, são relatadas as passagens
dos quarenta dias do dilúvio,
dos quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto,
dos quarenta dias de Moisés e de Elias na montanha,
dos quarenta dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública,
dos 400 anos que durou a estada dos judeus no Egito, entre outras. Esses períodos vêm sempre antes de fatos importantes e se relacionam com a necessidade de ir criando um clima adequado e dirigindo o coração para algo que vai acontecer.
Terminamos o período da Quaresma com a festa da Ressurreição de Cristo, o acontecimento mais extraordinário que já houve e que nunca foi repetido.
Certa vez eu estava em Roma, numa das salas em que o Papa concede audiências aos fiéis e peregrinos. É denominado salão Paulo VI. Ali o Papa pode ser visto pelos presentes e há uma escultura realizada em bronze dourado que pode ser visualizada por todos e que representa justamente o episódio da Ressurreição. A percepção do escultor mostra um Cristo glorioso e brilhante que parece flutuar, um sepulcro vazio e milhares de raios de luz esparsos dando a impressão de uma explosão de luz. Essa imagem nunca se apagou da minha mente e muitas vezes me encontro a pensar no fato verdadeiro que inspirou a escultura e a imaginar o que se passou.
Um sepulcro. Um homem no auge da juventude jaz morto, um corpo sem vida com as marcas do martírio, o rosto todo chagado, inchado por causa das feridas, das pancadas, dos espinhos, um homem que entregara sua vida espontaneamente “pelo bem de muitos”, que amou, curou, ensinou o bem, a humildade, a verdade, a paciência, a mansidão, o perdão. Ali estava vítima do orgulho, da cobiça, do desejo de poder, da vaidade.
A vitoria do mal sobre o bem?
De repente, uma tênue luz começa a iluminar aquele buraco escuro e aquele corpo começa a brilhar e aquela luz vai pulsando e os músculos, os ossos, a pele vão se refazendo, o sangue, primeiro timidamente, depois cada vez mais forte vai circulando e o coração começa a pulsar, os olhos se abrem e ele, levantando-se, deixa sobre a pedra os panos que o envolviam, se levanta, perfeito, jovem, belo, são, reconstruído, ressuscitado. E a humanidade pode respirar aliviada. Fomos redimidos. Estamos salvos!
Que misteriosa força foi essa que operou tamanha maravilha?
A mesma força que baniu do paraíso os anjos orgulhosos e rebeldes. A mesma que criou o universo e nele colocou o homem para que dele cuidasse. A mesma que através do SIM obediente e confiante de uma jovem, fez encarnar no corpo puro de Maria aquele que salvaria a humanidade.
Pois essa força, queridos amigos, é a mesma, mesmíssima que pode fazer você retornar aos seus braços amorosos, tirar você do pecado, lhe dar forças para enfrentar as lutas e dificuldades da vida. Força para perdoar àqueles que tão profundamente lhe ofenderam, para sair do vício no qual você está mergulhado e que lhe domina fazendo-lhe sentir a sua fragilidade. Enfim, força para gritar bem alto, como São Paulo, “é na minha fraqueza que se manifesta a tua força”, porque quando nos reconhecemos necessitados, quando praticamos a humildade, quando entendemos que nada somos por nós mesmos, podemos cantar:
“Tudo é do Pai, toda a honra e toda a gloria
É dele a vitoria alcançada em minha vida.
Tudo é do Pai, se sou fraco e pecador, bem mais forte é o meu Senhor
Que me cura por amor.”
Então, nesta Pascoa desejo você reconstruido , curado, libertado.
FELIZ PASCOA!!!